Que nem limão

Que nem limão

segunda-feira, 2 de maio de 2016

Meu ponto fraco

Meu trabalho é meu ponto fraco. Quando as coisas não estão bem ali, eu me sinto triste, perdida, desamparada. Por maior que seja meu desânimo, meu mau humor, minha falta de vontade de levantar num dia frio, quando eu entro em sala de aula e começo a trabalhar, tudo isso vai embora e eu me sinto feliz.

Da mesma forma quando me comprometo com algum aluno, orientando, supervisionando ou tentando responder a alguma dúvida.

No meu trabalho eu não consigo usar os alunos, fazendo eles trabalharem para mim. É estranho demais me colocar em uma relação em que o outro fará algo para mim apenas porque eu posso pedir para ele.

O fato de eu poder pedir alguma coisa para um aluno e ele acreditar que não pode me dizer não é uma relação de abuso de poder. O abuso de poder pode vir na forma mais opressiva possível. Mas também pode vir disfarçada. Pode vir via sedução, voz doce, pedidos inocentes.

Como aluna eu passei por isso duas vezes. Na primeira, chorei, sofri e, embora não tenha conseguido me defender na hora, fiz o que pude para acabar com aquilo. Na segunda, meu "não" foi categórico. Não foi um "Não, eu não vou fazer isso que você está dizendo", mas um "Não, você não pode me pedir para fazer isso". São modos diferentes de se dizer e de se viver as coisas.

Hoje eu tenho mais de trinta anos e consigo enxergar o que eu não consegui com vinte e poucos. Então resolvi elaborar um guia prático de como saber se você tem sido abusado por um professor (partindo do princípio que você faz a sua parte, lendo, escrevendo, enviando material, etc.):

1. Ele tem coragem de contar em público o que ele pede pra você fazer?
2. Ele gostaria que você mencionasse para outras pessoas o que ele pede pra você fazer?
3. A ajuda dele é acadêmica no sentido de: indicar leituras, trabalhar a escrita junto com você, indicar as problemáticas que seu texto levanta e formas de trabalhá-las?
4. Ele é compreensivo com suas ausências e falhas a ponto de te sustentar quando alguém aponta os problemas da sua pesquisa? (ou seja, ele não te cobra quando você não cumpre com a sua parte, mas quando outras pessoas falam sobre isso, ele joga a batata quente pra você)
5. Ele vai estar do seu lado quando mais ninguém estiver?

Se a sua resposta foi não a qualquer uma dessas perguntas, você está em uma relação professor-aluno abusiva. Ele não precisa ser um carrasco. Pode até ser muito legal. Mas ser legal não faz de ninguém bom professor.

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