Que nem limão

Que nem limão

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Mutismo e silêncio

Anos atrás, conversando com algumas pessoas que me perguntavam sobre meu trabalho, eu dizia o quanto, em alguns dias, eu precisava respirar fundo e lembrar que tipo de aluna eu fui, para conseguir ter um olhar um pouco mais brando sobre sala de aula. Me ouviu falar sobre isso alguém que foi minha professora e ela disse que esse era um exercício muito interessante.

E é mesmo. Mas também cada vez mais difícil. Às vezes eu consigo, às vezes não. E o resultado dessa negativa se chama frustração. Odeio me colocar como a velha que conta como em seu tempo as coisas eram diferentes. Não eram. Mas não consigo escapar de uma percepção de que há coisas que mudaram sim e que isso pode ter a ver com a ideia de que existem saberes prontos e acabados sobre como fazer uma prática que toca sobre um objeto que não está nem pronto e nem acabado. 

Um objeto que não é objetivo carece de um olhar que pelo menos tente não objetivá-lo. E de um olhar que esteja disposto a se interrogar. Só que isso não se constrói sem trabalho, sem gasto de energia, sem discussão e sem desejo. Isso não se constrói com mutismo. Li numa revista o seguinte: 


Diante do mutismo, fico apreensiva. Apreensão que só aumenta diante da ideia que a gente carrega desde os cursinhos de que sala de aula é lugar em que um bom professor dá um show, distraindo os seus alunos com seu saber, colocando uma rolha sobre suas dúvidas, exercendo uma sedução barata. Seu método é ruim, vem a resposta.

E o que fazer com esse diabo de resposta?

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