Que nem limão

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quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Ass(c)entos

Caixas de camisa encapadas com papel de presente. Todas empilhadas em um armário arrumadinho. Em cada uma delas, uma etiqueta com um nome escrito em uma letra de professora, a canetinha, geralmente combinando com o papel que envolvia a caixa. Se a professora da pré-escola fosse caprichosa, era ali que ela armazenava todos os seus trabalhinhos, que seriam entregues aos pais no final do ano. 

Foi nessa caixa que, pela primeira vez, vi meu nome com o que aprendi ser um chapéu. Estranhei e perguntei o porquê dele. A professora me respondeu: seu nome tem acento, como ônibus.

Anos mais tarde descobri porquê. Meu nome é uma proparoxítona. Todas elas são acentuadas. Mas na minha certidão de nascimento não é assim. Esqueceram de colocar o chapéu.

Meses atrás recebi um trabalho corrigido. O nome da professora, na gramática, também usa chapéu. Na capa do meu trabalho, junto à nota, um rabisco: um x no circunflexo. Achei justo o rabisco.

Na semana passada recebi um e-mail com um pedido de confirmação do meu nome completo. De novo ele, o acento. Respondi corrigindo o excesso de cobertura. Escrevi: "O nome completo é esse sim. Só que eu não tenho acento".

Antes de enviar o e-mail, reli e identifiquei o erro. Quem não tem acento é o meu nome. O que eu não tenho é assento.

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